Pesquisa indica que 73% dos entrevistados acreditam que modelo precisa de mudanças significativas

Uma pesquisa encomendada pelo Grupo CanalEnergia e realizada pela consultoria Roland Berger mostrou que 73% dos entrevistados acreditam que são necessárias mudanças significativas ou uma reformulação no atual modelo regulatório. A pesquisa contou com a participação de cerca de 200 executivos da alta direção de diversas empresas do setor, a maior parte com mais de 20 anos de experiência. Na pesquisa foram formuladas 17 questões, divididas em quatro tópicos: Mercado 2016, Regulação, Perspectivas 2020 e Visão Empresarial.

 

Entre os participantes da pesquisa, 49% avaliam que o mercado irá decrescer em 2016, sendo que, dentre entes, 73% acreditam na retomada de crescimento em dois anos ou mais. Além disso, 47% dos entrevistados apontam que o PLD deve decrescer e 33% avaliam que as tarifas de energia atuais são insuficientes para a atual estrutura de custo do sistema.

 

Entre os temas eleitos como prioritários estão o alinhamento do planejamento e execução, alocação de riscos, aprimoramento dos leilões e política tarifária. Para as empresas ouvidas na pesquisa, os temas regulatórios prioritários são a contratação de energia, novas tecnologias, como a geração distribuída, e estrutura tarifária. A energia solar distribuída, o armazenamento de energia e o smart grid são considerados inovações prioritárias, que devem ser desenvolvidas até 2020.

 

Os participantes (44%) apontaram que a quantidade ofertada nos leilões de energia nova em 2016 será menor. É esperado ainda um grande estímulo de energias renováveis nos próximos cinco anos: solar distribuída (21%), eólica (21%), solar (19%) e hídrica (16%).

 

Quanto aos resultados das empresas, apenas 23% acreditam que o resultado será melhor em 2016. Para garantir a performance, as estratégias eleitas foram a otimização de custos e a inovação nos modelos de negócio, processos e serviços. Até 2020, espera-se estabilização em transmissão e distribuição, crescimento em geração e comercialização, com alguma consolidação em distribuição. Os sinais econômicos para investimentos (22%) e o modelo regulatório (16%) foram eleitos os principais desafios para as empresas nos próximos anos. Marcelo Aude, sócio do Roland Berger, destacou a visão de longo prazo para a recuperação e retomada do mercado. "As pessoas estão enxergando que a queda do mercado é alguma coisa que vai ter um efeito não só de um ano, mas vai se estender. Um segundo aspecto que eu mencionaria é de fato uma reflexão grande do modelo regulatório", comentou Aude.

 

Os resultados da pesquisa apresentados durante o 13º Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico estão em linha com declarações dos agentes no evento. Max Xavier Lins, presidente da Queiroz Galvão Energia, afirma que o modelo tem 18 anos, porque as bases dele foram definidas antes de 2004, quando foi lançado. Ele diz ainda que as tarifas de energia tendem a crescer nos próximos anos, porque existem custos pretéritos que precisam virar tarifa para que o empreendedor volte a investir. "No médio e longo prazo a tarifa só reduzirá se revisitarmos o nosso modelo, incluindo nele o conceito de eficiência e produtividade", afirmou.

 

José Carlos de Miranda Farias, presidente da Chesf, e Luiz Fernando Vianna, presidente da Copel, também defenderam mudanças no modelo, mas sem jogar fora as bases atuais. "Eu considero o modelo exitoso, principalmente para a expansão da geração, que era o gargalo que tínhamos. Hoje temos muito mais investidores, leilões competitivos, a energia eólica mais barata do mundo. Mas é claro que todos os modelos precisam de ajustes", afirmou Miranda.

 

Para ele, melhorias contínuas sempre são necessárias, principalmente para incorporar as novas tecnologias no sistema. "Vamos ter que revisitar o modelo, o que nao significa jogar fora o que temos. Fazer isso seria uma atitude temerária, porque esse modelo foi definido por nós", declarou Vianna, da Copel, lembrando que as associações foram chamadas à época para ajudar na construção do modelo. Naquele momento, Vianna era presidente do Conselho de Administração da Apine. 

 

Fonte: Canal Energia

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