Especialista não crê em energia mais barata em 2016

Apesar de reconhecer que o setor elétrico encontra-se em melhor situação e as perspectivas são de aumento do nível dos reservatórios, o diretor de Relações Institucionais do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, discorda que os preços das tarifas terão redução este ano.

“Não creio em preços mais baixos para este ano. Há um problema nos preços das tarifas de energia, porque com a decisão do governo de fazer as licitações das 29 usinas antigas – que renderam alguns bilhões para o governo -, mas que agora terão que ser pagos pelo consumidor. Essas empresas que compraram as usinas nos leilões querem ser remuneradas pelo que capital que desembolsaram”, argumentou, em entrevista à Agência Brasil.

Em novembro do ano passado, o governo arrecadou R$ 17 bilhões com leilão de 29 usinas hidrelétricas. Na ocasião, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que o valor irá reforçar o caixa do Tesouro Nacional somente no início deste ano. O maior lote do leilão, realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), foi arrematado pelos chineses China Three Gorges (CTG), que ficou com as hidrelétricas de Ilha Solteira e Jupiá, mediante aporte de R$ 13,8 bilhões. Os demais lotes foram arrematados pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), pela empresa italiana Enel, Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) e Companhia Energética de Goiás (Celg).

“Na minha opinião, elas [usinas] não precisavam ser licitadas, não havia necessidade de se fazer licitação nenhuma. Elas renderam um bom dinheiro ao governo, mas agora alguém tem que pagar e é claro que quem paga em geral é o consumidor. Acredito que a energia elétrica ainda vai contribuir para a alta da inflação este ano”.

Para Pinguelli, as térmicas só estão gerando energia ainda para aumentar o nível de água dos reservatórios, porque “tecnicamente até já poderiam ser desligadas, o que deverá acontecer, no entanto, até o fim do período chuvoso”.

Em 31 de janeiro de 2015, os reservatórios do Subsistema Sudeste/ Centro-Oeste, o maior do país,  encontravam-se com apenas 16,84% da capacidade total. Na mesma data deste ano, a capacidade dos reservatórios do mesmo subsistema fechou em 44,4% da capacidade total. Mas a situação continua evoluindo favoravelmente: ontem, por exemplo, este percentual já havia subido para 44,76% de sua capacidade total.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico avalia hoje (3) a possibilidade de desligamento das usinas térmicas. O custo mais caro de produção dessas usinas impactou na alta das tarifas.

“Não concordo que tenha sido esse [os últimos dois anos] o pior período [hidrológico]. Foi uma situação ruim sim, mas já houve no passado situações piores”, disse. “Com relação a 2001, o problema foi outro: houve um desequilíbrio entre a oferta e a demanda. O governo parou de investir em energia elétrica contando com investimentos privados, uma vez que essa era a política do governo Fernando Henrique Cardoso – a de privatização do setor”, acrescentou. “As empresas estatais do setor elétrico pararam de investir por entenderem que esse passou a ser o papel do setor privado – que também por sua vez não investiu”.

Fonte: Agência Brasil EBC

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