Hidrelétricas de pequeno porte: mais do que um negócio, um ideal

Nascido em São Paulo, capital, Paulo Sivieri Arbex vem de uma família classe média numerosa, de ascendências síria e italiana, em que o empreendedorismo sempre esteve presente.

Seu pai, Mussi Arbex, teve uma DTVM (distribuidora de títulos e valores imobiliários), atuando por muitos anos no mercado financeiro – setor em que construiu seu patrimônio.

Nos últimos anos de vida, dedicou-se à sua maior paixão, a natureza. Foi proprietário de um hotel de selva no Rio Teles Pires, na Floresta Amazônica, e de outro no Pantanal.

“Meu pai foi o primeiro ambientalista que conheci. Defendia o meio ambiente e a ideia de desenvolvimento sustentável já nos idos de 1970. Levou-nos para a Amazônia e Pantanal ainda crianças, pois queria que conhecêssemos a região como ele havia conhecido, pois estava preocupado com a velocidade com que as florestas estavam sendo destruídas pelas queimadas e madeireiras ilegais.”

Quando seu pai faleceu, precocemente em um acidente aéreo no ano de 1979, a família precisou vender os hotéis fazenda, mas ficou nos filhos o gosto pelo convívio com a natureza, pela defesa do meio ambiente e pelo desenvolvimento sustentado. Um legado indelével e que influenciou Paulo Arbex ao longo da vida. “Um dos motivos que me levou a focar, no futuro, em hidrelétricas de pequeno porte.”

 

Trajetória

Paulo Arbex tem uma sólida formação acadêmica. É bacharel em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), com especialização em Investment Banking e Project Finance.

Quando começou sua trajetória profissional, nem imaginava que um dia iria atuar no setor energético. Fez carreira no mercado financeiro, atuando em estruturação e levantamento de recursos para mais de 60 projetos através de transações de dívida sênior, dívida subordinada, equity e mezanino, principalmente nos setores de energia e infraestrutura.

Iniciou sua carreira no BankBoston-Brazil em 1983, em que teve a oportunidade de trabalhar e morar nos Estados Unidos no ano de 1980. “Foi uma experiência muito importante para a minha formação. Aprendi técnicas, conceitos e matérias que na época não existiam no Brasil, como Valuation, Mark-to-Market, Análise de Riscos etc.”

Posteriormente, passou por instituições como Standard Bank, em que foi o diretor responsável por Project & Structured Finance para América Latina. Ocupou a mesma posição no Deutsche Bank. No Banco Société Générale-Brasil foi o responsável pelo Departamento de Investment Banking para os setores de energia, infraestrutura e óleo & gás.

Foi sob o foco das finanças que conhecia o setor energético – usinas de biomassa, geotérmicas, termoelétricas a gás natural, PCHs e CGHs etc. Mas sua vida teve uma reviravolta quando foi convidado por um amigo para prestar assessoria financeira para uma empresa de Energia. Foi paixão à primeira vista. Em 2008 entrou como sócio de uma empresa voltada a consultoria e desenvolvimento de projetos, a Eninsa. “Levantamos financiamento para empreendedores e desenvolvemos nossos próprios negócios”, relata. “Analisei o custo/benefício de cada uma das fontes de energia para a sociedade brasileira, seus impactos ambientais e sua competitividade relativa. Conclui que as PCHs e CGHs são, de longe, a fonte que proporciona o melhor custo/benefício para a sociedade brasileira e que tinham a maior competitividade. Então concentrei meus esforços no desenvolvimento de projetos nesta área, acreditando que os governos brasileiros da época obviamente focariam nesta fonte.”

 

Empreendedor de Energia

A transição do setor financeiro para o segmento de PCHs e CGHs não foi simples para Paulo
Arbex. Embora trouxesse grande conhecimento sobre as pequenas centrais hidrelétricas no
aspecto financeiro e de gestão, teve que buscar novos conhecimentos na área. “Sou economista e não engenheiro. Se por um lado sabia estruturar os projetos, levantar financiamentos e fazer a gestão, tive que adquirir conhecimentos mais técnicos, como prospecção, desenvolvimento e construção dos empreendimentos.” Não lhe faltou disposição. Foi atrás de referências do setor, engenheiros, profissionais da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), do Ministério de Minas e Energia. Esforço que valeu a pena. Essa disposição para a mudança e para “mergulhar” em uma nova área foi fundamental para que hoje Paulo Arbex se tornasse referência nacional quanto a PCHs e CGHs.

“Um aprendizado difícil, porque não está nos livros. A maior parte do que se aprende é só vivendo mesmo, passando pela experiência de se desenvolver um projeto e construir uma usina. Ninguém ensina na escola, por exemplo, como funciona um licenciamento ambiental”, pontua. “Todo dia há algo novo a se aprender. Ainda mais no setor elétrico brasileiro, em que as regras são tão complexas.

 

Um país melhor

Nos esforços para empreender na área de Energia, Arbex se interessou em atuar na defesa do setor. Porém, percebeu que não bastava trabalhar da porta para dentro da empresa, era preciso lutar por mudanças no marco regulatório, ainda repleto de subsídios e favorecimentos desbalanceados que não estimulam a busca da eficiência.

Este sentimento aflorou no segmento de CGHs e PCHs em 2013, quando o Brasil passou por um período de muitas manifestações pelo país afora por parte da sociedade civil organizada. “Inspirados por aquele processo, vários profissionais do setor elétrico abraçaram o sonho de lutar para construir um Brasil melhor e mais justo, participando de discussões e negociações do futuro do segmento”, relata Paulo Arbex.

Ele fazia parte de um grupo de empreendedores do setor de PCHs e CGHs que se reuniu com o objetivo de desenvolver um trabalho voluntário voltado ao setor energético. Foi quando nasceu a ABRAPCH, em que todos os diretores e conselheiros, sem exceção, não recebem um centavo pelo trabalho desenvolvido. “Encaramos o nosso trabalho na ABRAPCH como nossa atividade social.” Na Associação, Paulo Arbex atuou por três anos na diretoria de CGHs e, em maio de 2016, assumiu a presidência.

“Às vezes a gente fica cansado, se perguntando se este sonho não é ilusão da nossa parte. Mas quem não sonha, não realiza. Se a gente não acreditar e não lutar pelo que acreditamos, vamos deixar um Brasil medíocre para nossos filhos e netos ”, sublinha Arbex, destacando a importância de todo o time da Associação para o sucesso dos trabalhos desenvolvidos, entre diretores, associados e funcionários.

 

Refúgio

Assim como sabe “surfar” bem no mar revolto do mercado energético, sempre que pode pega sua prancha e vai encarar as ondas do litoral paulista ou de alguma praia distante. Sempre que encontra um tempo livre na agenda, Paulo Arbex gosta de praticar hobbies em contato com a natureza, como o surf, a pesca ou viajar para conhecer novas paisagens.

Inclusive, religiosamente, viaja com a esposa e os filhos para algum lugar bacana, onde a natureza seja o destaque. O roteiro da última viagem foi pela África do Sul, com direito a safari, montaria em avestruz e nado com tubarão.

A leitura faz parte da rotina, mas atualmente ele está mais focado em ler trabalhos voltados ao setor elétrico. “Um livro que indico para todos do setor é ‘Uma Demão de Verde’, da jornalista canadense Elaine Dewar, que analisa a área ambiental e sua interface com os interesses econômicos.”

Para Paulo Arbex, a vida em família é seu refúgio. Não há momento mais precioso do que estar com a família inteira, seja em um paraíso natural ou em casa, quando se reúne em torno de uma mesa para jantar e beber um bom vinho, ou para curtir boa música e assistir filmes.

 

Confira a revista completa pelo link: Revista Full Energy.

 

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