Equipe econômica prevê impacto de 0,11 ponto no IPCA do mês

O acionamento da bandeira vermelha em novembro deve ter impacto da ordem de 0,11 ponto porcentual no IPCA, segundo cálculos feitos pela equipe econômica. O efeito na inflação, de acordo com uma fonte, ocorre uma única vez, enquanto perdurar a bandeira vermelha.

Cálculos feitos pelos técnicos apontam que, se a bandeira se mantiver ao longo de 2018, o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) é negativo em 0,06 ponto porcentual, um número relativamente pequeno.

Diante do quadro hidrológico ruim e das notícias de possibilidade de racionamento, a equipe econômica buscou mais informações sobre o assunto e, pelo menos nesse momento, trabalha com a visão de que não haverá racionamento. Esse, de acordo com a fonte, seria o pior cenário para a atividade econômica. A lembrança que vem à mente, explica, é o que ocorreu em 2001, quando o "apagão" levou a perda de 1,5 ponto no PIB.

Agora, a leitura é que o país tem maior capacidade de geração de energia, por conta da possibilidade de acionamento das usinas térmicas, que, no entanto, geram risco de maior encarecimento do custo da energia. A questão é como isso é repassado ao consumidor.

A equipe econômica ainda não calculou possíveis impactos inflacionários e no nível de atividade do país, caso se confirmem as mudanças na metodologia de custo da energia e isso seja repassado ao consumidor. O assunto ainda está sendo tratado no âmbito do Ministério de Minas e Energia e ainda há um grau de cautela antes de se estimar possíveis impactos na economia, ainda que, de antemão, seja possível perceber que não serão favoráveis à inflação.

No caso da bandeira vermelha, a fonte lembra que, se houver melhora na hidrologia e a bandeira voltar a ser amarela no ano que vem, o impacto inflacionário será favorável na mesma proporção.

Para Márcio Milan, analista de inflação da Tendências Consultoria, a proposta da Aneel – que elevaria o valor do segundo patamar da bandeira vermelha de R$ 3,50 para R$ 5 por 100 kWh (quilowatt-hora) – resultaria em aumento de 3,5% a 4% nas tarifas de energia elétrica. Com isso, o impacto sobre o IPCA seria de 0,11 a 0,15 ponto percentual.

Para novembro, a estimativa de inflação seria elevada a 0,47% – contra projeção atual de 0,34%. Com isso, o IPCA acumulado em 12 meses iria a 3,1% (ante 2,96%) já em novembro, eliminando definitivamente a possibilidade de que o Banco Central tenha que escrever uma inédita carta para justificar inflação abaixo da banda de tolerância do sistema de metas no ano.

O IPCA abaixo do piso da meta chegou a ser o cenário visto como mais provável pelo mercado ao fim de setembro e início de outubro, mas desde meados deste mês o boletim Focus passou a apontar um IPCA acima de 3% ao fim de 2017. A projeção mais recente é de 3,06%.

Milan, diz que ainda é cedo para revisar as projeções para este e para próximo ano, porque o valor proposto ontem pela Aneel não foi oficializado e não é possível saber se a bandeira vermelha patamar 2 se manterá ao longo de 2018.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem, em São Paulo, que o Ministério da Fazenda não tem estimativas de qual será o impacto da energia elétrica na inflação, mas o Banco Central está fazendo essa análise.

Perguntado sobre se o aumento da tarifa de eletricidade residencial veio em uma hora ruim, Meirelles avaliou que não. "Acho que veio na hora correta. A inflação está oscilando em torno do piso da meta e isso significa que é melhor até, porque ajuda a inflação a ficar na meta. O problema seria a inflação abaixo do piso da meta", disse. Segundo Meirelles, é melhor que qualquer aumento desse item do IPCA ocorra ainda em 2017.

 

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Fonte: Valor Econômico.

 

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