Chove mais na região em 2017, mas volume é inferior à média

O volume de chuvas registrado no Nordeste neste ano até o momento é superior ao observado em igual período do ano passado. A quantidade, porém, ainda é inferior à média histórica para a região e está abaixo do necessário para superar o déficit acumulado nos reservatórios de abastecimento de água e energia nos últimos anos. A constatação é do instituto de meteorologia Climatempo.

"Este ano tem chovido mais no Nordeste, em relação ao ano passado, mas estamos vindo de vários anos com déficit. A próxima temporada de chuvas não deve ser ruim, mas não será suficiente para recompor o cenário energético e até mesmo os grandes reservatórios, como o açude do Castanhão, no Ceará", explica Alexandre Nascimento, meteorologista do instituto. "Quando você entra em um ano com déficit, para voltar ao patamar anterior, tem que chover o volume normal e um pouco mais."

De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios das hidrelétricas do Nordeste estão com nível médio de armazenamento de 15,10%. A expectativa do órgão é que os lagos das usinas da região cheguem a marca de 11,5% no fim deste mês.

A situação do sistema de Sobradinho, no rio São Francisco, é ainda pior. O reservatório da hidrelétrica marca atualmente 9,84%. Segundo Nascimento, há pouco mais de um mês Sobradinho estava com 12% de armazenamento. "A tendência é que o nível continue caindo rapidamente por mais seis semanas."

O ONS estima que o sistema de Sobradinho alcance o volume morto entre outubro e novembro. Se isso ocorrer, calcula o consultor Humberto Viana, deixarão de ser gerados 1.050 megawatts (MW) médios, que deverão ser substituídos por operação termelétrica.

Segundo o ONS, o volume de chuvas esperado para o Nordeste este mês é de apenas 34% da média histórica para o período. De acordo com Nascimento, nesta época chove com frequência apenas no litoral leste da Bahia e do Rio Grande do Norte e nas regiões de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), no Agreste.

"Para a agricultura no Agreste, esta chuva é localmente importante, do ponto de vista econômico, para autossuficiência e algum tipo de negócio com essa agricultura, como uma pequena plantação de feijão", explica Nascimento. "Mas essa chuva não é suficiente para recomposição de reservatórios."

Ontem, comunicado do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) indicou que o risco de déficit de energia (desabastecimento) no setor elétrico em 2017 é igual a 0,1% para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste. O dado se baseia no comportamento do sistema, que inclui o acompanhamento do nível dos reservatórios das grandes usinas hidrelétricas.

O comitê informou ainda que, de janeiro a julho, o sistema elétrico brasileiro recebeu o reforço de 3.708 MW de capacidade de geração, 1.139 km de linhas de transmissão e 8.039 MVA de transformação. O destaque ficou com o início da operação comercial da sexta unidade geradora da hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu. (Colaborou Rafael Bitencourt, de Brasília)

 

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Fonte: Valor Econômico.

 

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