Incertezas podem afetar o rumo traçado para setor

Executivos do setor e do mercado de energia elétrica avaliam que uma eventual saída do deputado federal Fernando Coelho Filho (PSB-PE) do Ministério de Minas e Energia (MME), pode afetar o rumo ou até travar as discussões em andamento na pasta sobre aperfeiçoamentos no modelo regulatório do setor.

 

Ontem, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, defendeu, em nota, a saída do ministro, diante das denúncias de que o presidente Michel Temer teria recebido propina da JBS por meio do deputado afastado Rocha Loures (PMDB-PR) e negociado com a empresa a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba.

 

O líder da bancada do PSB no Senado, Fernando Bezerra (PE), porém, marcou para segunda-feira apenas uma reunião da bancada "para que, após o conhecimento pleno dos fatos, deliberemos uma posição coletiva sobre a grave conjuntura política atual".

 

Esta é a segunda vez que há um racha no partido sobre a continuidade do apoio ao governo.

 

A avaliação dos participantes do Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase), principal evento do calendário do mercado de energia elétrica do país, foi que o ministro e sua equipe estão buscando solucionar problemas importantes do setor, como o risco hidrológico das geradoras, a sobrecontratação das distribuidoras e a inadimplência nas liquidações do mercado de curto prazo.

 

Pior do que o ministro entregar o cargo pode ser a saída do secretário-executivo da pasta, Paulo Pedrosa, e do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Augusto Barroso. Para os executivos, os dois nomes são considerados peças importantes na elaboração de medidas para solucionar problemas do setor e principalmente no diálogo com o mercado.

 

Pedrosa, que estava previsto para participar do segundo, e último, dia do Enase, ontem, no Rio, e inclusive havia marcado encontros informais com executivos no seminário, não compareceu ao evento. O Valor apurou que o secretário-executivo do MME retornou ontem cedo à Brasília para se reunir no ministério.

 

De acordo com uma fonte próxima da equipe energética do governo, não se sabe ainda o que pode acontecer no planejamento do setor no país. "Não conseguimos planejar nem as próximas horas, quanto mais as concessões", disse, sob a condição de anonimato.

 

Com as denúncias contra o presidente Temer e as incertezas com relação ao atual governo e ao ministério de Minas e Energia, a agenda do Enase acabou ficando em segundo plano. Em vários momentos do seminário, havia mais participantes conversando na área externa do que no auditório onde as apresentações eram feitas.

 

O executivo de uma multinacional do setor energético, presente ao encontro afirmou que há um "mar de dúvidas" no momento. Segundo ela, o melhor caminho seria Temer renunciar e o seu substituto, provavelmente por eleição indireta, manter a agenda de medidas propostas pelo atual governo.

 

Outro executivo ouvido pelo Valor, que se disse "perplexo" com o que aconteceu, também afirmou que o momento é de incertezas. Segundo ele, é difícil saber qual a perspectiva sobre realizações de leilões este ano, pois isso dependeria do governo e não se sabe se ainda haverá governo e quem será o governo.

 

Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, ressaltou que Coelho Filho tem dado apoio para enfrentar questões relevantes do setor e nomeou uma equipe altamente técnica. "Não podemos perder a capacidade de atrair investimentos", destacou.

 

Fonte: Valor Econômico.

 

 

 

 

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