Térmicas a gás na base podem se tornar realidade

O ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, sinalizou nesta segunda-feira (10/4) que o MME pode rever a estratégia atual de despacho térmico, baseado apenas no custo marginal de operação. A ideia, segundo ele, é que usinas com inflexibilidades possam despachar "na base", preservando o reservatório de hidrelétricas, que vivem uma prolongada fase de vazões abaixo da média.

O plano envolve as usinas a gás natural, mas inicialmente o objetivo não seria o de ligar todas elas, mas sim as que possuem menor custo de operação e maior inflexibilidade (o chamado take or pay). A questão sempre foi colocada por empreendedores do segmento como uma forma de destravar investimentos em térmicas e facilitar a expansão da oferta de gás, na medida em que essas usinas tendem a servir de âncora para projetos de distribuição de gás.

"Não é melhor ter uma térmica na base rodando a R$ 250, R$ 300/MWh e poder deixar de gerar hidrelétrica para juntar água no reservatório?", questiona o ministro. Para o ministro, o país só quer olhar para as térmicas quando "falta água".

"Aí é oito ou 8.000, nem é 800", enfatizou Coelho, que participou do Seminário Concessões e Investimentos no Brasil: Novos Rumos, realizado nesta segunda-feira (10/4) pela FGV Projetos.

Ele citou dados do ONS que projetam armazenamento de 15% no reservatório de Sobradinho no final do período úmido, em novembro. Com isso, ele vê o Nordeste dependente das eólicas, das térmicas e de envio de energia pelas linhas de transmissão. O ministro destacou ainda que o país tende a se tornar exportador de energia em 2021, quando a produção de gás tende a alcança elevados potenciais, especialmente a partir de áreas do pré-sal.

Para o diretor-presidente da Brennand Energia, Mozart de Siqueira Campos de Araújo, o país deixou o PPT (Programa Prioritário de Termeletricidade, criado no início da década de 2000 para enfrentar o racionamento de energia) de lado quando passou a vigorar o atual marco regulatório, criado em 2004, e que as térmicas realmente deveriam ser retomadas.

Há alguns meses, o diretor da Aneel Reive Barros defendeu a realização de leilões específicos de térmicas a gás no Nordeste, para atender à demanda da região e servir de backup para a intermitência da geração eólica na região. Ele defendeu a contratação de um volume da ordem de 4 GW.

 

Fonte: Brasil Energia

 

 

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