Leilão A-3: ABEEólica esperava contratação maior e destaca maturidade da fonte

A Associação Brasileira de Energia Eólica esperava uma maior contratação da fonte – em torno de 1 GW – no leilão A-3, que aconteceu nesta sexta-feira, 6 de junho. No total, a eólica contratou cerca de 57% do total ou 551 MW. Além da fonte eólica, somente a ampliação da hidrelétrica de Santo Antonio (RO, 3568 MW) conseguiu comercializar 417,6 MW, totalizando no leilão, uma contratação de 968,6 MW, a um preço médio de R$ 126,18/MWh. As PCHs e a biomassa não conseguiram viabilizar projetos no certame.

Elbia Melo, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, comentou que já era esperado que as eólicas dominassem o leilão, visto que dos 7 GW habilitados, 6,1 GW eram de projetos eólicos. “A gente não sabe ao certo qual foi a demanda das distribuidoras, mas a gente esperava que seria um pouco maior. Nós tínhamos oferta para atender uma demanda maior no leilão. Eu achei que a gente venderia 1 GW somente de eólica e que a demanda do leilão seria em torno de 1,5 GW, no mínimo”, analisou a executiva em entrevista à Agência CanalEnergia.

Elbia destacou que os resultados do certame refletem a maturidade da indústria eólica, que no seu processo de consolidação, vem permitindo uma precificação mais adequada dos crescentes riscos e desafios envolvidos na implementação dos projetos. “Destacamos que a portaria 34 restringiu a possibilidade de alteração das características técnicas dos projetos, impediu a redução da garantia física e alocou o risco da transmissão aos geradores eólicos”, declarou. Segundo ela, isso aumentou os riscos para os empreendedores e alguns investidores e até fabricantes preferiram não ir para o leilão. A ABEEólica chegou a conversar sobre o tema com o Ministério de Minas e Energia e com a Empresa de Pesquisa Energética, que ficaram de ajustar esses pontos para os próximos certames.

“Pela natureza da energia eólica, é necessário que ela faça ajustes, algumas mudanças. Se isso fica engessado, não se permite a competitividade no leilão”, avaliou. Por isso, de acordo com a executiva, os preços tiveram um deságio de apenas 2%, ficando em média em R$ 129,89/MWh. Mesmo com uma contratação recorde no ano passado, de 4,7 GW, Elbia diz que a indústria eólica no país tem capacidade para atender aos novos projetos. Além do leilão A-3, ainda estão previstos para esse ano o Leilão de Energia de Reserva e o Leilão A-5, que contam com produtos da fonte.

“Como ano passado a gente vendeu 4,7 GW, que é mais que o dobro do break even que a gente fala, neste ano a indústria está correndo muito para atender a necessidade, mas a indústria se ajusta”, afirmou. Por outro lado, as PCHs e as térmicas a biomassa não vem desfrutando do mesmo sucesso nos certames. Zilmar de Souza, gerente de Bioeletricidade da União da Indústria da Cana-de-Açúcar, comentou que assim como no A-3 do ano passado, a biomassa não conseguiu se viabilizar.

“Enquanto tiver essa sistemática de não existir um produto térmico no A-3, que separe a biomassa da fonte eólica, a nossa competitividade fica comprometida”, destacou. De acordo com ele, o leilão A-3 é propício para a biomassa, que consegue colocar uma usina de pé em três anos. “Geralmente o A-3 é moldado para a biomassa, mas infelizmente estamos com essa dificuldade por conta da sistemática, que mistura fontes que estão em grau de competitividade bem diferentes”, analisou. Charles Lenzi, presidente da Abragel, diz que o maior problema para as PCHs é o preço-teto. “A gente tem insistido muito nessa tecla, de que esse preço não está adequado à média do mercado, aos custos do mercado, é preciso repensar essa questão”, sinalizou.

Ele comentou que o governo vem sinalizando que o preço da energia solar deverá ficar entre R$ 200/MWh e R$ 250/MWh. “Isso nos dá um ânimo de que também para as PCHs se possa pensar numa melhora do preço-teto de forma que a gente tenha condições de ter mais projetos participando”, afirmou. As PCHs tinham um preço-teto de R$ 148/MWh no leilão.

Fonte: CanalEnergia.com.br

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