Leilão de energia apontará tamanho do rombo no setor

As trapalhadas na área de energia, que Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, chamou de “barbeiragens”, devem redundar em exagerados aumentos nas tarifas, em 2015. A idéia de dar um crédito de R$ 11,2 bilhões a uma entidade – a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) – lembra o caso Sunamam, em que a União, sem dinheiro, autorizou os estaleiros a tomarem empréstimos em nome do governo central; obviamente, foram contratados juros exagerados – pois quem pagava era a “viúva” – e milhões viraram bilhões. Não é à toa que três dos cinco conselheiros da CCEE, mesmo com ganhos acima de R$ 50 mil mensais, pediram o boné. Foram para casa, para não ligarem seus nomes a essa solução heterodoxa.

No caso Pasadena, Dilma parece não ter querido vetar uma operação estranha da equipe de Lula. Já em energia, sua culpa é total, pois é de sua lavra a MP 579, conhecida como bomba de neutron da área, hoje a Lei 12.783. Nesta quarta-feira, o setor passa por novo desafio. Um leilão emergencial de energia indicará se será necessário contratar muitos ou poucos megawatts do mercado livre, que tem preços mais salgados – e ainda sujeito a flutuações. Pelo sim, pelo não, o cidadão deve ficar preocupado. Paulo Leite, presidente da Associação Brasileira de Consumidores de Energia, afirma que esses R$ 11,2 bilhões poderão ser apenas o início de novos créditos dados por um pool de dez bancos – sob garantia federal – para as distribuidoras. Diz-se que cada bilhão de crédito significará 1% de alta nas tarifas, em breve, acima do reajuste anual devido à inflação. Leite afirmou: “Não é um socorro as distribuidoras. É um socorro ao Brasil, aos consumidores brasileiros”. Socorro para aplacar crise criada pelo próprio governo.

A MP de Dilma, que virou lei graças a um parlamento submisso, foi assim comentada por Mariana Tornero, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec): “Apesar de complexa e técnica, a metodologia de cálculo dos reajustes anuais pela Aneel sempre foi clara e devidamente justificada. Mas as medidas que o governo tem tomado nos últimos dois anos colocaram componentes imprevisíveis nessa conta”.

Fonte: Monitor Mercantil – 28/04/2014

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